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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A FÁBULA DA GALINHA VERMELHA

Este texto é uma reelaboração livre de formas apresentadas sobre a Fábula da Galinha Vermelha.
Por Antonio Barbosa Lúcio
Era uma vez, uma fazenda onde viviam alguns animais. Certa vez, sentiram a possibilidade da ausência de milho para alimentação. A galinha vermelha, preocupada, falou da necessidade para trabalhar em conjunto, armazenar milho e dividir com todos os vizinhos. Falou da necessidade de que, trabalhando muito, e dividindo o milho, na época da colheita, todos seriam beneficiados. Disse ainda que nos períodos de dificuldades, as aflições seriam muitas, como por exemplo, a falta de milho. Solicitou a todos ajuda. Mas o porco falou: não posso ajudar. Nem eu, disse a vaca. Muito menos eu, falou o ganso. Eu tenho que proteger a minha família, disse o pato. Quanto mais a galinha vermelha falava, os outros animais se afastavam dela. Diziam que seria melhor cada uma produzir seus alimentos e cuidar de suas vidas. Certo dia surge na fazenda, um galo gordo e astucioso que não gostava de trabalhar. Vivia do que era produzido pelos outros, do trabalho de outras galinhas, da comida de outros bichos. Percebendo a desunião existente entre os vizinhos, contou uma história mirabolante: disse que havia no Céu um Lobo muito perigoso. Este Lobo acompanhava todos os passos dos animais e, estava pronto para castigar aqueles que lhe desobedecesse. Possuía Leis fortes e, soldados valentes e ferozes. O galo gordo, então, tentou convencer a galinha vermelha dos perigos que corriam. Esta ficou preocupada, mas não foi na lábia do galo. Este foi em busca de aliados: disse a vaca que seus vizinhos estavam querendo todo o seu milho e que, se o apoiasse teria todo o milho que quisesse e a proteção da Lei contra quem almejasse rouba-lhe; ao ganso, falou para que ele se torne seu aliado, pois assim, poderia ganhar um emprego na fazenda, garantindo a alimentação; ao pato, falou do futuro ao seu lado com viagens, passeios, uma vida de bonança; ao porco, disse que a galinha era agitadora, só queria o poder e lutava apenas para possuir a maior quantidade de milho possível, que só pensava em questões econômicas.
Inocentes, o porco, o ganso, a vaca e o pato, acreditaram no galo. Passaram a apoiá-lo. Acreditavam que o excesso e falta de condições de trabalho era devido o fato de que o lobo assim queria. Ficaram contra a galinha vermelha. Esta, sendo minoria, passou também a sofrer as conseqüências. Em pouco tempo, o galo, era o chefe da fazenda. Colocava os bichos para trabalhar cada vez mais, dizia que o esforço seria compensado. Recompensava, aos amigos de confiança, com migalhas: a alguns distribuía cargos; a outros reduzia as taxas do milho; ao pato, fez um abrigo; a vaca, muito estudiosa, comprou alguns livros. Enquanto isso, o galo ficava cada vez mais gordo, parou de trabalhar, pois conseguia todo o milho que queria.
Certa vez, a galinha vermelha, em uma assembléia na fazenda, furiosa com a situação, perguntou ao galo: “por que você não distribui a enorme quantidade de milho entre todos?” O galo ficou furioso, dizia que a galinha queria tomar o seu lugar; que a quantidade de milho não era tanta assim; que distribuía equitativamente, todo o milho adquirido. Conclamou a todos que não acreditasse na galinha vermelha. Dizia que era inveja; que ela não queria trabalhar; não contribuía com a grande família que era a fazenda. Esbravejou tanto, que alguns bichos foram em sua defesa. Diziam que a galinha só se interessava por questões econômicas; não estava preocupada com o bem-estar de todos. Entretanto, a vaca, começou a perceber que os livros eram insuficientes; o pato observou que seu abrigo, era constantemente invadido por bichos de outras fazendas; a ovelha, que até então não participava das reuniões, pois se dizia contra agitações, percebeu que tinha que trabalhar muito, além da quantidade de horas necessária, pois o galo, não se preocupava em contratar outros bichos. O galo furioso utilizando a Lei que ele criou, processou a ovelha. Ameaçou aos demais com descontos na quantidade de milho e, disse que quem não continuasse lhe obedecendo, iria mandar embora da fazenda.
Aqueles que tinham adquirido certa quantidade de milho, diziam que “ melhor com ele, pior sem ele”. Além disso, o grande e feroz lobo poderia atacar a todos.Quando chegou o verão, período de seca, alguns bichos, passando dificuldades para alimentar sua família e, fadigados diante tanto trabalho, perceberam que não tinham acumulado alimento suficiente. Lembraram do questionamento da galinha vermelha. Perceberam que com união, poderia obrigar o galo a distribuir o milho existente entre todos os bichos. Passaram a lutar por seus direitos. Começaram a buscar formas de destituir o galo gordo do posto que ele criou denunciando as injustiças existentes na fazenda. Ainda não sabemos se conseguirão mudar a situação, mas agora, alguns bichos percebem que a possibilidade de mudança é real. É certo que o porco e o ganso, ainda continuam acreditando que se não pode mudar, que o lobo vai engoli-lo e, continuam defendendo o galo. Mas, boa parte dos bichos, resolveu lutar, não se intimidou com as ameaças, entendeu que a Lei do galo só beneficia a ele mesmo. O longo período de confusão ideológica chegaria ao fim.

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