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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

OPINIÃO: O FRACASSO OU SUCESSO DAS GREVES: UNEAL EM QUESTÃO

(Meu computador possui problemas com interrogação. Até ele!!!)

O sucesso ou fracasso de uma greve depende de uma série de fatores. Seria necessário compreender a dinâmica que envolve os movimentos sociais. Estes movimentos, por sua forma de organização, exigem participação efetiva e, objetivos claros e definidos. Entretanto, por vezes são espontâneos, direcionando para sanar questões de cunho imediatistas. Os movimentos acadêmicos, inclusive o sindical, dentro da lógica dos movimentos sociais, não estariam aquém dessas questões. Como não estaria fora da lógica capitalista de acumulação.

Na história dos movimentos sociais, a prática que prevaleceu foi mesmo a busca por questões de orientação imediata. Sendo assim, as questões economicistas, como por exemplo, melhorias salariais não ficariam fora da agenda dos movimentos. Esperar que fosse diferente, seria o mesmo que não entender que homens e mulheres lutam, em primeiro lugar, para sanar suas necessidades básicas. Resolvidas tais questões, buscariam outras formas de superação das desigualdades. No caso concreto da UNEAL, os professores não estariam fora da realidade que se apresenta.

Não são Deuses que colocariam questões de manutenção da vida, fora das reivindicações. Assim, seria necessário compreender que a luta por manter uma Instituição funcionando adequadamente( e não estou falando apenas de aulas), vai além de medidas econômicas, mas passam necessariamente por elas.

Se entendermos como fracasso, a não conquista das questões imediatas ou as de orientação estrutural, tendemos a reproduzir a lógica capitalista de manutenção de seus interesses. Perpetuamos a visão quantitativa sobre a qualitativa e, não percebemos que o capital se sobressai justamente por acirrar as divergências entre trabalhadores e filhos de trabalhadores. Por essa lógica de perpetuação de relações conflituosas entre os trabalhadores, utiliza-se, justamente aquilo que mais afeta aos indivíduos: a sua condição de sobrevivência.

Nesse sentido, acirra-se nos alunos o que ele necessita de mais imediato que seria o diploma para, supostamente, manter-se vivo. Nos professores, a questão salarial. Em ambos, divergências, cooptação, disputas, apatia. Pretende-se, ampliar o debate, para o campo unicamente do imediatismo e, ao mesmo tempo, fortalecer a idéia de que questões estruturais devam ser esquecidas, abandonadas ou simplesmente, sequer mencionadas.

Por essa lógica, a greve fracassaria quando não atenderia as supostas necessidades. A greve, enquanto escola de aprendizagem possibilitaria condições de que, aos poucos, os indivíduos envolvidos, conseguissem perceber que não apenas eles estariam em tais condições, mas o conjunto da sociedade estaria sofrendo as conseqüências das políticas públicas adotadas pelo Estado. Este, como representante dos anseios do capital se concretiza nas ações de seus representantes mais imediatos e que acatam suas determinações como se fossem cordeirinhos. Não se furtam em se pronunciar em nome da suposta defesa de uma maioria indefesa que, no nosso caso, seriam os alunos “prejudicados”. Utilizam, também, seus organismos restitutivos, como o Poder Judiciário, por exemplo. Mas, não deixaram de fazer uso do aparelho repressivo, se o primeiro caso não funcionar. A repressão, de início, parece branda, com suspensão de salários. Visa-se atingir, efetivamente, o princípio básico de manutenção da vida. Pretendem, portanto, forçar divergências, especialmente, no campo imediatista. Estas medidas visam, também, suscitar divergências entre os agrupamentos sociais para que não compreendam a amplitude de sua luta.

Mas, o Estado, representado em seus governantes, não se contentaria com medidas judiciais, corte de salários, ameaças com possíveis demissões. Amplia seu poder de persuasão entre os envolvidos, no nosso caso, professores e alunos. Passa, portanto, a cooptar, também, grande parte destes. E aí, teremos os defensores do fim da greve; aqueles que falam de sua ineficácia e eficiência; os “bonzinhos” que não querem prejudicar os alunos; os omissos, que não tomam posição, justamente por temer represálias quer jurídicas quer nas relações de poder existente nas Instituições. Por parte dos alunos, teremos, de forma semelhante, a visão maniqueísta do fracasso ou sucesso; dos que só querem voltar as aulas; os que serão pressionados por professores que não aderiram a greve; os que são contra ou que defendem.

Como marionetes, os grupos são manipulados pela lógica capitalista. Inclusive, passamos a acreditar que não seríamos passíveis de manipulação, devido o nosso “arcabouço teórico, de conhecimentos adquiridos”.

Caso não funcione as diversas tentativas de persuasão. O Estado passaria a ampliar sua força repressiva, utilizando, inclusive o poder de polícia. Este seria utilizado para conter os que contestam com mais veemência. Utilizado geralmente em último caso, o poder repressivo, também necessitaria ser justificado. Volta-se, portanto, para a suposta defesa da sociedade, do bem comum, dos interesses gerais sobre os individuais. A cantinela estaria pronta, se ainda não sobrassem os que insistiriam em resistir.

Como o poder repressivo não pode ser usado indistintamente e continuamente, cabe a busca desenfreada por convencimento ideológico. Este seria utilizado tanto para esclarecer os posicionamentos dos grupos dominantes, como para ludibriar os envolvidos, inclusive falseando a realidade, omitindo questões essenciais, mitificando as relações dos grupos envolvidos, sabotando as conquistas, ampliando os conflitos.
Para quem achava que a greve da fracassa apenas pelo fato de que as lutas sindicais tem teriam tido êxito econômico ou devido a ações judiciais, eu diria que ela ainda está apenas começando, para sequer ter sido fracassada. Os representantes do Estado e seus fiéis colaboradores, ainda não colocaram a mesa todas as suas cartas. Já utilizaram a lógica do suposto apoio a greve e a legalidade das reivindicações; utilizaram os meios instituídos para forçar o final das reivindicações; cooptou professores e alunos e, estes forçaram alguns a assistir aulas, outros nem foi preciso; utilizou o Poder Judiciário, provocando-o para finalizar a greve; escondeu quem, de fato, teria proposto a ação judicial; propagou a inutilidade da greve nos meios de comunicação; utilizou formas para acirrar os conflitos internos; ameaçou cortar salários, multas ao sindicato, possível demissão de grevistas ou quem sabe, futuramente, contratação em regime de urgência de professores substitutos. Mas, ainda falta a ampliação dos aparelhos repressivos, usando o poder de polícia. Não se enganem! Este será usado concomitantemente ou quando os outros meios não funcionarem.

E, agora, veremos se a greve não funciona. Se não estivesse funcionando, não teríamos tantas ações sendo realizadas visando acabar com ela; não teríamos quase cem por cento dos professores e alunos paralisados; manifestações ocorrendo em quase todos os campi; mobilização de poderes políticos locais que, estão sendo provocados por professores e alunos para se manifestarem; a Reitoria não teria provocado o Poder Judiciário; denúncias da estrutura física insuficiente e inadequada; alunos que por vezes não sabiam quais eram as políticas estudantis, provocando e, quem sabe questionando, a falta de uma pró-reitoria estudantil; a realização de concurso público para funcionários, reivindicado e, constantemente postergado, quando foi criada a Fundação Universidade Estadual de Alagoas, em meados da década de 1990. E, prioritariamente, como uma escola de classe, a greve propiciou reflexão sobre os destinos, não apenas da UNEAL, mas do próprio ensino universitário brasileiro.

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